quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Mais do mesmo... fotografia!

Abajour e leitura..., upload feito originalmente por Grazi Oliveira.



Henri-Cartier Bresson trás, para suas fotos, o conceito de “instante decisivo”, que pode ser analisado na perspectiva do olhar do fotógrafo ao cortar o fluxo natural - neste caso, do vídeo - e o fragmenta em imagem estática e bidimensional. O fotógrafo aprisiona o tempo e coleciona imagens de passado. Faz-nos revelar de nosso aparelho psíquico, a memória. Oferece-nos um discurso diferente a ser lido. Como pontua Bresson:

“Experimentado ou pensado, o instante existe numa linguagem que expresse o seu pensamento ou numa linguagem em que se deixe transpor para interpretar a experiência humana. E dado que as linguagens não são apenas a língua falada ou a língua escrita, a linguagem não verbal da fotografia também pode expressar o instante BRESSON, Henri-Cartier In OLIVEIRA, Rogério L. S. e FARIAS, Edson S)”.

No livro de Philippe Dubois há um capítulo destinado à relação da fotografia com o aparelho psíquico e a memória, no qual o autor se utiliza de metáforas a partir de duas cidades, Roma e Pompéia. Ele baseia-se no livro “O mal estar da civilização”, de Sigmund Freud, que afirma que “nada na vida psíquica consegue se perder, nada do que se formou desaparece, tudo é conservado de uma maneira qualquer e pode reaparecer em certas circunstâncias favoráveis” (FREUD, Sigmund).
Neste livro, Freud faz analogia entre a arqueologia romana e as formas de gravação do passado, que sevem para ilustrar as duas temporalidades da psique. Roma, com seu caráter de ruína e ao mesmo tempo, cidade eterna refere-se à duração, ao tempo de acúmulo de experiências, é considerada um ser psíquico, já que nada do que aconteceu em tempos remotos se perdeu. Enquanto isso, Pompéia, é a representação de cidade que desaparece de repente, que nos oferece seu passado em apenas uma única imagem, refere-se à captura, aos recorte temporal.
Podemos então olhar a fotografia como atividade psíquica, tal qual fazemos com a memória. Telma também busca na psicanálise um referencial para suas fotos a partir do momento em que lida com a dualidade das coisas – presença e ausência. Ela cita, em seu depoimentos, o autor Eisenstein, que igualmente trabalha com lembranças através de imagens, principalmente inserido no campo das artes. Segundo ele: “uma obra de arte, entendida dinamicamente, é apenas este processo de organizar imagens no sentimento e na mente do espectador”.

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