terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Bem Pessoal...

Postzinho para exaltar minha indignação!!!!
Comprei um livro dia 16/12 e até agora não recebi!!!!
São 12 dias para vir, via transportadora, de SP - RS!!!
Se viesse sendo passado de mão em mão, já teria chego!!!
Se tivesse vindo de ônibus já teria chego!!!
Se tivesse vindo de carroça já teria chego!!!

Compra na Siciliano, reclamação abaixo:
http://www.reclameaqui.com.br/941287/livraria-siciliano/indignacao/

Empresa que faz transporte (ou não) para Siciliano:
http://www.reclameaqui.com.br/948687/direct-logistica-directlog/campanha-fora-direct-parcel-service/

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Fotografia P&B



Discorrendo acerca do preto e branco, pode-se dizer que é a técnica que confere magia às fotografias, quando nos mostra todos os detalhes invisíveis aos nossos olhos, influenciados e ofuscados pelas cores reais. Entretanto, o P&B não se dá pela ausência de cores, e sim, é a captura de uma infinidade de sombras, uma escala de cinzas, profundos ou não. O preto e branco confere a foto certa poética, glamour, nostalgia, cria a sensação de prender um pedaço de tempo num espaço bidimensional. Ofuscam-se as cores e revela-se o contraste, as formas voluptuosas.
O poema Fotografia em Preto e Branco, de Marco Ramos, fala sobre essa nostalgia, assim como memória, tema recorrente às obras a serem trabalhadas a seguir:
O seu sorriso ficou aqui estampado
É apenas uma fotografia em preto e branco
Em um quadro emoldurado
Que acabou esquecido em algum canto...
O tempo pareceu-me não passar
E seu sorriso o tempo não apagou
O passado nesta foto fico a recordar
E são memórias que o tempo deixou...

Percebo agora que tudo está sem cor
É apenas uma nostalgia dolorida
É como fruta que perdeu o sabor
Uma paisagem que já não tem vida...

Tu sempre foste Sui generis em minha vida
Mas os fatos, a vida bruscamente nos levou
A essência que mantinha nossa alma colorida
O tempo lentamente apagou...

Nas fotos nós guardamos uma nostalgia
E nelas ficam sorrisos que a felicidade gerou
Mas sem as cores, tudo perde a magia
E o que era multicores com o choro desbotou...

Ser feliz e uma mera lembrança fotografada
Um sorriso na foto, lágrimas levadas ao vento
Frases em uma carta que foi rasgada
Um momento que passou rápido no tempo...

O nosso amor nem sempre foi franco
Mas tínhamos as cores do amor perfeito
Mas tudo passou a ser preto e branco
E deste amor perdemos o direito...

Queria relembrar-te novamente em versos
Recitá-lo como o princípio do nosso amor
Mas o nosso caminho ficou inverso
E o seu sorriso com o tempo perdeu a cor...

História, memória e fotografia

upload feito originalmente por Grazi Oliveira.

Para a história, a fotografia assume um papel restaurador da memória, cumprindo a função de arquivar lembranças, no entanto, também adquire traços poéticos bem peculiares, colocando a fotografia em posição privilegiada nos debates acerca da memória. Ela apresenta imagens precisas, definidas, uma vez que depende do objeto real diante da superfície fotossensível, fornecendo, assim, provas, contudo carrega consigo a simbologia que deriva do referencial; afirma que o que foi fotografado realmente esteve lá, mas foi afastado; é o legado do passado ao presente, a demonstração daquilo que foi escolhido para ser posteriormente mostrado. E apesar de ser uma fonte não verbal, elas comunicam, expressam, significam, dão força para a memória social ao remeter à uma realidade transcorrida no tempo e espaço, representam algo que já não mais existe, mostra-nos a ausência, desencadeia-nos lembranças passadas, ativando a memória e nos transportam, no caso do trabalho de Larissa, à nossa infância. Neste contexto, Boris Kossy faz uma colocação interessante:

“Os homens colecionam esses inúmeros pedaços congelados do passado em forma de imagens para que possam recordar, a qualquer momento, trechos de suas trajetórias ao longo da vida. Apreciando essas imagens, ‘descongelam’ momentaneamente seus conteúdos e contam a si mesmos e aos mais próximos suas histórias de vida. Acrescentando, omitindo ou alterando fatos e circunstâncias que advêm de cada foto, o retratado ou o retratista têm sempre, na imagem única ou no conjunto das imagens colecionadas, o start da lembrança, da recordação, ponto de partida, enfim, da narrativa dos fatos e emoções (KOSSOY, Boris)”.

O descompasso entre presença e ausência, distância e proximidade, reconhecimento e lembrança são objetos de estudo das imagens fotográficas, que encontram, neste contexto, sua ação e dinâmica. Isso faz com que percebamos a “qualidade mental” ancorada à fotografia, na qual se depositam a memória.

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A fotografia atua como importante recurso mnemônico, que conduz o observador ao representar o cotidiano, contudo, as imagens não são produzidas somente pela máquina, e sim, pelas escolhas do fotógrafo, que impõe seus valores, sua interpretação de mundo. A delimitação do assunto, do enquadramento e o momento do disparo são intervenções humanas passíveis da observação do fotógrafo. A presença é o que está retratado, ficando a ausência em detrimento. Entretanto a autora ultrapassa estes conceitos a partir do momento em que retrata precisamente as ausências. Com suas fotos não é possível construir a representação da imagem que as pessoas mostram de si mesmas, tampouco das realidades as quais estão inseridas. Pode-se sim buscar em seus retratos a representação do cotidiano e a reinvenção do sujeito, guiando o observador na construção da memória, conduzindo a busca por uma identidade, fazendo com que seja investigado o ausente. Sobre este assunto tem-se a afirmação de José de Souza Martins:

“O imaginário se tornou personagem da história contemporânea. É preciso imaginar a imagem para poder ver nela o que de fato ela quer dizer, para construir a sua indicialidade (MARTINS, José de Souza. A epifania dos pobres da terra. In OLIVEIRA, Rogério L. S. e FARIAS, Edson S.).”

Mais do mesmo... fotografia!

Abajour e leitura..., upload feito originalmente por Grazi Oliveira.



Henri-Cartier Bresson trás, para suas fotos, o conceito de “instante decisivo”, que pode ser analisado na perspectiva do olhar do fotógrafo ao cortar o fluxo natural - neste caso, do vídeo - e o fragmenta em imagem estática e bidimensional. O fotógrafo aprisiona o tempo e coleciona imagens de passado. Faz-nos revelar de nosso aparelho psíquico, a memória. Oferece-nos um discurso diferente a ser lido. Como pontua Bresson:

“Experimentado ou pensado, o instante existe numa linguagem que expresse o seu pensamento ou numa linguagem em que se deixe transpor para interpretar a experiência humana. E dado que as linguagens não são apenas a língua falada ou a língua escrita, a linguagem não verbal da fotografia também pode expressar o instante BRESSON, Henri-Cartier In OLIVEIRA, Rogério L. S. e FARIAS, Edson S)”.

No livro de Philippe Dubois há um capítulo destinado à relação da fotografia com o aparelho psíquico e a memória, no qual o autor se utiliza de metáforas a partir de duas cidades, Roma e Pompéia. Ele baseia-se no livro “O mal estar da civilização”, de Sigmund Freud, que afirma que “nada na vida psíquica consegue se perder, nada do que se formou desaparece, tudo é conservado de uma maneira qualquer e pode reaparecer em certas circunstâncias favoráveis” (FREUD, Sigmund).
Neste livro, Freud faz analogia entre a arqueologia romana e as formas de gravação do passado, que sevem para ilustrar as duas temporalidades da psique. Roma, com seu caráter de ruína e ao mesmo tempo, cidade eterna refere-se à duração, ao tempo de acúmulo de experiências, é considerada um ser psíquico, já que nada do que aconteceu em tempos remotos se perdeu. Enquanto isso, Pompéia, é a representação de cidade que desaparece de repente, que nos oferece seu passado em apenas uma única imagem, refere-se à captura, aos recorte temporal.
Podemos então olhar a fotografia como atividade psíquica, tal qual fazemos com a memória. Telma também busca na psicanálise um referencial para suas fotos a partir do momento em que lida com a dualidade das coisas – presença e ausência. Ela cita, em seu depoimentos, o autor Eisenstein, que igualmente trabalha com lembranças através de imagens, principalmente inserido no campo das artes. Segundo ele: “uma obra de arte, entendida dinamicamente, é apenas este processo de organizar imagens no sentimento e na mente do espectador”.

Ainda sobre fotografia...



A construção da nossa capacidade de olhar está diretamente relacionada com a simbolização acerca da criação e leitura de imagens. O olhar é aprendido, educado de forma articulada com outros olhares, ele não é individual, e sim, determinado socialmente, por um conjunto. E é em função destes diferentes tipos de olhar que são determinados os tipos de imagens e de que formas as pessoas se relacionam com elas.
Desde sua origem, a fotografia desenvolve-se como importante meio de representação, possibilitando a construção e transmissão de imagens. Seu aspecto mais importante é definir identidades de coisas e pessoas.
A fotografia, segundo alguns textos, não tem a subjetividade da pintura, que não se identifica completamente com o real, e sim, cria imagens, interpreta o olhar, enquanto a fotografia passa a ser o real. Vemos a pintura passível de interpretações e a fotografia como técnica dura, de perspectivas definidas pela câmera. Artistas de vanguarda, no século XX viram na câmera a materialização de uma ideologia.
Afinal, fotografia pode ou não ser definida como uma manifestação artística? Discussões em torno deste assunto foram geradas pelo fato da fotografia ter características documentais e também artísticas, sendo também, considerada por alguns, uma forma de narrativa poética. Segundo as palavras de Walter Benjamin:

“Gastaram-se vãs sutilezas a fim de se decidir se a fotografia era ou não arte, porém não se indagou antes se essa própria invenção não transformaria o caráter geral da arte (BENJAMIN, Walter. In OLIVEIRA, Rogério L. S. e FARIAS, Edson S.).”

Mead e Bateson também deixam a ideia de que materiais visuais, fotografias, por exemplo, antes de serem reproduções da realidade, são “textos”, declarações e interpretações sobre o real. A fotografia, portanto, pode ser entendida como imagem-poesia do cotidiano, descrevendo acontecimentos da rotina, assim como uma crônica. Uma narrativa apegada aos detalhes captados pelo olhar apurado do fotógrafo-poeta, uma escrita de cujas palavras são feitas de luz. Nas palavras de Susan Sontag:

“A própria realidade passou a ser entendida como um tipo de escrita, que tem de ser decodificada – enquanto as próprias imagens fotográficas foram, a princípio, comparadas à escrita (SONTAG, Susan).”

Fotografar sempre implicou na decisão de um determinado recorte da realidade presente. Com a digitalização das imagens, pode-se inscrever a fotografia, finalmente, como arte ou como uma forma especial de discurso, produção do visível, discurso visual, texto.
Segundo Sontag, fotografar é apropriar-se do objeto fotografado; é brincar com a escala de mundo, que pode ser reduzida, ampliada, recortada, consertada, distorcida; é envelhecer, como tudo o que é feito de papel, e desaparecer; é valorizar, ser comprada, vendida e reproduzida.
Se antigamente a preocupação em relação à fotografia era provar o real, hoje percebemos que nossos olhares são distintos e a suposição que se fazia de uma imagem impessoal e objetiva dá lugar a ideias que vão além do registro, isto é, pessoal e subjetiva. A fotografia hibridiza novas formas e cria outras representações e movimentos artísticos e culturais.
A cultura se modifica de acordo com as necessidades dos homens nela inseridos, tem a função de ordenar as informações de uma sociedade, criando ritmos próprios, ou seja, selecionamos o que nos interessa e descartamos o restante, num eterno processo de reordenação, onde informações são reelaboradas e recriadas.
Vivemos um período de desconstrução da linguagem fotográfica e da redefinição de seu papel na sociedade. Momento que visa à articulação dos discursos fotográficos e antropológicos, uma vez que o homem e suas formas de organização e simbolização sempre estiveram no foco do fazer fotográfico e antropológico. A fotografia, isenta de seu ideal de representar a realidade, pode desempenhar com maestria a função de imprimir representações de vínculos sociais e simbólicos.


(trecho de leitura de imagens feita no ano de 2010.)

Amooo fotografia!!!

Abaixo algumas frases interessantes sobre fotografia:


"(…) já está no terreno de quem pensa que tudo o que não é fotografado é perdido, que é como se não tivesse existido, e que então para viver de verdade é preciso fotografar o mais que se possa, e para fotografar o mais que se possa é preciso: ou viver de um modo o mais fotografável possível, ou então considerar fotografáveis todos os momentos da própria vida. O primeiro caminho leva à estupidez. O segundo, à loucura."
Trecho do conto “A aventura de um fotógrafo”, de Ítalo Calvino.

"A câmera é um instrumento que ensina as pessoas a ver sem uma câmera."
Dorothea Lange

"A câmera não faz diferença nenhuma. Todas elas gravam o que você está vendo. Mas você precisa VER!"
Ernst Haas

"Fotografar, é colocar na mesma linha de mira, a cabeça, o olho e o coraçao."
Henri Cartier-Bresson

"Fotografar é desenhar, utilizando a luz como pincel, a natureza como tinta e o filme como tela, podendo assim imortalizar aquela imagem ou momento escolhido, enquanto o mundo segue em contínua mutação."
Dr. Dimos Iksilara

"Everyone has a photographic memory, some people just don't have film !!!"
desconheço o autor

"A vida está sempre se dirigindo a nós e dizendo: 'Vem, a vida é ótima!' E que é que nós fazemos? Recuamos e tiramos-lhe uma foto."
Russell Baker

"Fotografia é o retrato de um côncavo,de uma falta,de uma ausência."
Clarice Lispector

"A fotografia, antes de tudo é um testemunho. Quando se aponta a câmara para algum objeto ou sujeito, constrói-se um significado, faz-se uma escolha, seleciona-se um tema e conta-se uma história, cabe a nós, espectadores, o imenso desafio de lê-las."
Ivan Lima

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

RUANDA - GUERRA CIVIL

Ruanda é um país localizado na região centro-oriental da África, limita-se com Uganda, República do Congo, Tanzânia e Burundi. Ruanda caracterizou-se por ser um país formado pela combinação de diversos grupos étnicos inimigos, entre eles os Tutsis – pastores – e os Hutus - agricultores. Tutsi e Hutus mantinham relações comerciais de trocas, que amenizavam os conflitos. No entanto, no final do século XIX, diferentemente de outros países vizinhos Ruanda não teve seu “destino” decidido na Conferência de Berlim (1885). O protetorado foi entregue para a Alemanha em troca de Uganda, numa conferência em Bruxelas (1890).
O país é então ocupado por alemães que se aliam aos Tutsis e convertem os Hutus à escravidão. Ao fim da Primeira Guerra Mundial, e derrota da Alemanha, a Liga das Nações passa o protetorado de Ruanda para a Bélgica, que fez um domínio muito mais árduo para o povo ruandês. Observou-se que, neste cenário do colonialismo, as relações tornam-se mais difíceis, uma vez que os belgas entregaram o poder do Estado para os Hutus, que se encontravam com grande desejo de vingança.
Em 1950, Bruxelas começou um processo de “democratização gradual”, visando à redução da população de elite dominante Tutsi. No ano de 1959, os Tutsis criaram a UNAR - União Nacional Ruandesa - partido político bastante conservador, enquanto a maioria da população Hutu, com apoio da Bélgica, organizou o MDR-P - Movimento Democrático Republicano. Após a tradicional briga de classes entre a elite Tutsi contra a plebe Hutu, a rivalidade se transferiu para o campo político, evoluindo para diversos conflitos violentos, gerando mortes e a migração de refugiados para Burundi e Uganda. Em 1960 MDR-P vence as eleições e em 1962 proclama a República Ruandesa, consolidando a liderança Hutu.
Anos de instabilidade passaram e o governo tomou diversas medidas com a finalidade de repreender os Tutsis, Aproximadamente 15 mil pessoas morreram após a independência. No ano de 1973, liderados pelo General Juvénal Habyarimana (Hutu), destituíram a constituição e vários tutsis do poder, além de estabelecer o próprio general como presidente em 1978, reeleito em 1983 e 1988, com promessas da transformação de Ruanda em uma democracia multipartidária.
Aproximadamente em 1990, refugiados Tutsis da RPF - Frente Patriótica Ruandesa - comandaram uma invasão a partir de Uganda, com apoio do país. A ideia não foi muito adequada, uma vez que o General respondeu à incursão com programas Genocidas contra os Tutsis.
Com o estabelecimento do multipartidarismo, em 1991, foi assinado um cessar-fogo e as negociações de paz continuaram até 1993 com representantes das guerrilhas.
O país começa a sentir as tensões do que estava por vir com a morte do presidente ruandês Juvénal Habyarimana, em 6 de abril de 1994, como podemos perceber na fala de Alexandre Silva em sua Dissertação de Mestrado, pelo curso de Relações Internacionais:

 “O legado belga de ódio racial continuou seu moto-contínuo cumulativo de tal maneira que, com a morte do presidente Juvénal Habyarimana, uma psicopatia tomou conta da população Hutu, muito bem dirigida pelos extremistas, levando-a a barbárie hobbesiana e ao genocídio de mais de 800 mil Tutsis em Ruanda. Outro ponto comum entre os autores utilizados neste capítulo são as críticas quanto à inabilidade da ONU em compreender todos os sinais da tragédia que se anunciava (mesmo com os alertas do comandante dos capacetes azuis, que estavam baseados na capital) e à incapacidade da Organização em autorizar a ação dos soldados da ONU no início do conflito entre Hutus e Tutsis ou mesmo enviar reforços que tentassem impedir o massacre que já se desenhava. O equívoco da não-ação da ONU só é comparado com o despautério de autorizar a França a liderar uma força de intervenção humanitária quando o conflito já caminhava para o seu final e o exército Tutsi já controlava 90% do território ruandês. A ação francesa apenas serviu para proteger os responsáveis pelo genocídio, atrasando o fim do conflito no país” (SILVA, 2003).

Em abril de 1994, líderes extremistas, de maioria Hutus, iniciaram um extermínio contra os Tutsis, provocando êxodo em massa de refugiados para países vizinhos.
A RPF, por sua vez, sob a direção de Paul Kagame, ocupou varias partes do país e partiu em contra-ataque, lançando ofensivas contra os extremistas genocidas. Seu avanço em direção a capital Kigali resultou em outro meio milhão de mortes e outro êxodo, desta vez de Hutus.
A ONU – Organização das Nações Unidas - organizou campos para os refugiados, que chegaram a habitar mais de 1,5 milhões de pessoas em julho de 1994. As tropas da RPF chegaram a Kigali e estabeleceram um governo de união nacional e juntos, os dois partidos, constituíram um esquema de coabitação. A nova constituição foi promulgada em 1995, o multipartidarismo foi aceito e houve fortalecimento do poder legislativo.
Ruanda é, ainda hoje, lembrada e reconhecida pelo holocausto ocorrido de abril a julho de 1994, quando líderes extremistas Hutus, sob o comando de Jean-Paul Akayesu, iniciaram uma campanha de extermínio contra a minoria Tutsi. Em cem dias mais 800.000 pessoas foram assassinadas e centenas de milhares de mulheres, violentamente estupradas.
A respeito das graves consequências do genocídio, segundo Fowler, sabe-se que:

 “continuam a ser sentidas ainda hoje, pois Ruanda ficou devastada, com centenas de milhares de sobreviventes traumatizados, a infra-estrutura do país arruinada, e tendo que manter mais de 100.000 criminosos nas suas prisões” (FOWLER, 2007).

Depois do genocídio, muitos dos Hutus que se refugiaram em países vizinhos entram em constantes conflitos com o governo ruandês. Desde 1996, a República Democrática do Congo vem sendo usada como arena para estes conflitos, já que foi para lá que a maioria dos Hutus migraram.
Mesmo com o fim do conflito, não houve entendimento entre as duas etnias, uma vez que a justiça não havia sido feita. No ano de 1996, a ONU institui leis penais para condenar os assassinos da Guerra Civil Ruandesa. Sobre a implantação desta justiça criminal, Fowler destaca:

“Para levar à justiça as pessoas acusadas de crimes de grande alcance– os planejadores, os líderes, e os organizadores de genocídios – a comunidade internacional criou o Tribunal Criminal Internacional para a Ruanda (TCIR), na cidade de Arusha, na Tanzânia. O dia 2 de outubro de 1998 foi a data de um fato que aconteceu pela primeira vez em todo o mundo: o TCIR julgou e condenou pela prática de genocídio Jean-Paul Akayesu, responsável pela morte de 800.000 tutsis na região sob sua administração, junto à cidade de Taba, em 1994. Apesar desta e de muitas outras condenações, incluindo um caso histórico que julgou os líderes dos meios de comunicação por seu papel ativo na promoção do genocídio, o Tribunal foi alvo de ataques por parte do governo ruandês e de outros países por seus altos custos, lentidão, e distância geográfica de Ruanda. Em junho de 2006, a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW), e a Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) pediram que o TCIR também julgasse os crimes de guerra e crimes contra a humanidade supostamente cometidos pelo Exército Patriótico Ruandês durante ações de represália tomadas após o genocídio. Esta sugestão foi recebida com grande oposição pelo governo de Ruanda” (FOWLER, 2007).

Este Tribunal condenou o Ex- primeiro ministro ruandês à prisão perpétua e 120 mil pessoas estão detidas esperando julgamento nas prisões do país. Em 1998, ocorreram várias execuções, que, mais tarde, foram muito criticadas por organizações internacionais de defesa dos direitos humanos.
Em 2007, de acordo com as bibliografias encontradas, mesmo tendo se passado treze anos, os reflexos do holocausto ainda podem ser percebidos, como aponta Fowler:

“O legado do genocídio está presente em quase todos os setores da sociedade ruandesa: sobreviventes, governo, criminosos, e refugiados que retornaram a Ruanda após 1994. Além do trauma recorrente sofrido por muitos, os sobreviventes do genocídio enfrentam diversas outras dificuldades. Muitos são extremamente pobres e sofrem de problemas de saúde complexos, tais como a AIDS, resultados diretos da violência cometida contra eles durante o período do genocídio. Muitos sobreviventes ainda são ameaçados com atos de violência, atacados ou mortos pelos ex-perpetradores do genocídio e, para muitos na minoria tutsi o sentimento de medo permanece. Reconstruir suas vidas ao lado de pessoas responsáveis pelo assassinato e estupro de seu povo é uma realidade difícil de ser enfrentada por todos os sobreviventes em Ruanda (FOLWER, 2007)”.

                     Apesar do medo que afligiu e aflige os ruandeses, as noticias que se tem da atualidade do país são bastante otimistas, Gettleman discursa sobre a Ruanda hoje:

“Sob o comando do presidente Paul Kagame, este país, que explodiu em chacinas étnicas há 16 anos, é um dos países mais seguros, limpos e menos corruptos do continente. A capital, Kigali, não é rodeada por favelas em crescimento, e sequestros relâmpago – um problema mortal em muitas cidades africanas – são praticamente inexistentes por aqui. As estradas são eficientemente pavimentadas; existe seguro-saúde nacional; bairros organizam faxinas mensais; a rede de computadores está entre as melhores da região; e as fontes públicas estão cheias de água, e não mato. Tudo isso foi conseguido em um dos países mais pobres do mundo. (GETTLEMAN, 2010)”.

Na atualidade Ruanda é reconhecida por ser um país de campanha por um planeta mais “verde”, tornando-se um reconhecido internacionalmente, como afirma Release.

“internacionalmente por banir as sacolas plásticas, ter campanhas nacionais de limpeza ambiental e pela restauração de florestas tropicais naturais degradadas como parte de um programa de conservação do Chimpanzé” (NUTTALL e WHITE, 2010).

Ruanda é hoje governada pela minoria Tutsi, que está aplicando uma política de “unidade e reconciliação”, apresentando avanços significativos, dos quais se pode citar a implementação de formas de justiça fundamentadas na cultura local, nas tradições daquelas etnias. As mulheres ganharam poderes políticos, participando ativamente do governo. A República Ruandesa ainda não é um paraíso, a liberdade de expressão é limitada e o governo atual é acusado de abusar dos direitos humanos de rivais políticos.


  • Dez anos após o genocídio, as crianças de Ruanda continuam a sofrer. Site UNICEF. 
  • FOWLER, Jerry. Ruanda. United States Holocaust Memorial Museum (Enciclopédia do Holocausto), Washington, D.C. 
  • GETTLEMAN, Jeffrey. Nova rotina de Ruanda é marcada por ordem, tensão e repressão. New York Times: Ilha de Iwawa, Ruanda, 2010.
  • NUTTALL, Nick e WHITE, Anne-France. Ruanda nomeado sede global do DMMA 2010. Noticias. Site Voluntários online. 
  • Portal São Francisco.
  • SCAGLIONE, Daniela. Ruanda. Revista "MUNDO e MISSÃO“.  
  • SILVA, Alexandre dos Santos. A Intervenção Humanitária em Três Quase-Estados Africanos: Somália, Ruanda e Libéria. Dissertação de Mestrado. PUC, Rio de Janeiro, RJ, 2003. 
  • Wikipédia.

WOLFGANG HOFFMAN HARNISCH - O VIAJANTE

Wolfgang Hoffman Harnisch, nasce na cidade de Frankfurt, Alemanha, em 13 de maio de 1893. Trabalha, em solo europeu, como jornalista e dramaturgo, e viaja com destino ao Rio Grande do Sul em 1939, com o objetivo de pesquisar o ambiente cultural, assim como com a finalidade de escrever a biografia de Getúlio Vargas.
Como viajante, está sujeito a perigos e encantos, entra em contato com o homem e sua natureza, descobre novas culturas, que o chocam ou não. De qualquer forma, instiga a produção de conhecimentos, seja por relatos, seja por imagens, registram e traduzem a visão do viajante acerca daquilo que lhe é mostrado.
Parte do Rio de Janeiro a caminho do Rio Grande do Sul com a intenção de escrever um pequeno relato de suas aventuras pelo estado. Faz este trajeto pelo mar, desembarcando em Torres, e pode-se notar seu entusiasmo através de suas palavras:

“‘Toujsur le sable et la mer’ - sempre areia e mar. Realmente não se poderia entrar no RS por pórtico mais lindo do que esse. Formado por singulares colunas, Torres. Passamos na praia, entre o tumulto dos banhistas, entre sol e areia. Chegam pelo avião da Varig, de auto e de ônibus... O contingente principal é representado por  porto alegrenses. Ouve-se também falar castelhano, italiano, alemão, e a multidão apresenta um ambiente internacional.”

Nota-se, também, em sua fala, certa melancolia, nostalgia ou talvez até mesmo romantismo, ao descrever a gente que aqui encontra:

“Cavaleiro com chapéu de abas largas, um amplo poncho e lenço ao pescoço, botas de cano alto e grandes esporas, o relho na destra, a pistola na guaiaca, assim atravessava a colônia, por caminhos solitários que ele conhecia palmo por palmo. Ao longo dos rios, serra acima, vencendo os planaltos, descendo pelos campos da fronteira.”

Segue seu discurso descrevendo os pampas, suas estradas, o movimento do gado e a vida agitada dos que lá vivem. Também pontua a questão das diferentes etnias que formaram o povo gaúcho e que mesmo com estas influências não deixa de se caracterizar “por um tom tipicamente brasileiro”, com aspectos que “chegam a oferecer a feição de um Brasil passado, muito distante, muito velho”.
Ao delinear o perfil do gaúcho, estabelece uma analogia ao centauro, quando afirma:

 “O Pingo, cavalo, é uma parte do seu eu, forma com ele uma unidade. Sem o pingo, o gaúcho seria só a metade de um todo admirável. Corporifica o mito do centauro. (...) E como esses homens formam, com seus animais, uma unidade indivisível, assim também se relacionam com a paisagem. Não podem ser imaginados fora do ambiente em que vivem.”

Segue afirmando que antes dos meninos aprenderem a caminhar, já andam a cavalo, e na idade em que deveriam frequentar escolas, aprendem a manejar o laço.
Fala, também, das virtudes cavalheirescas dos gaúchos, comum a todos, independente da classe social a qual pertençam. Conta, que nos pampas, a propriedade é considerada algo sagrado, sendo a palavra ladrão o mais grave dos insultos, seguido de covarde. Comenta que o gaúcho é um homem silencioso, que cumpre com suas tarefas sem retrucar, e quando algo lhe incomoda, pede sua conta e vai-se embora.
Descreve:
“Nunca esquecerei os movimentos desses homens. Nem podem ser os movimentos de atores, no palco, representando uma paca épica, mas, note bem, exímios atores. Que sabem tirar partido dos meneios, articulações e da afirmação de força de seus movimentos. Nunca esquecerei como me compreenderam, e apesar de todas as dificuldades linguísticas, com que rapidez e segurança, deduziram de minhas feições o que eu desejava. E como traduziram meus pensamentos nas palavras de seu vocabulário gaúcho. (...) Também o gaúcho come seu pão cotidiano regado pelo suor de seu rosto. Já passaram os tempos do romantismo bélico e revolucionário. Começou a terceira fase, a fase do trabalho. O churrasco pode ser considerado como prato diário e é o clássico alimento das festas campestres do Rio Grande do Sul. Recorre-se a ele até para assinalar a passagem de um acontecimento importante. Certa vez, tomei parte num churrasco.”

Em sua viagem ao Rio Grande do Sul, visita a região das missões, e narra-a com grande admiração. Percebe-se seu deslumbramento diante das reduções de São Miguel no trecho que segue:

“Uns passos mais e, diante dos meus olhos encantados, deslumbrados, aparece uma vista maravilhosa, sobre a colina, erguem-se as ruínas da catedral. Um castelo rosado, construído de pedra de cantaria vermelha, reverberando os raios rubros do sol da tardinha. Por uns instantes estou como extasiado. Daí vou subindo, lentamente, a ladeira, passando junto aos restos de muros, últimos testemunhos das quadras de casas, que outrora aqui estiveram localizadas. A fachada da catedral me fascina, prende pela sua imponente abundância de contornos arquitetônicos de toda a espécie. É preciso tempo para a gente orientar-se por entre a infinidade de colunas e pilastras, bases e capitéis, espirais e ornamentos variados.”

Expõe que e lá que existiram as melhores plantações e criações de gado, local onde foram celebradas as primeiras grandes festas, regadas à dança, música e jogos. E completa afirmando que sem as missões os índios das Américas teriam sido totalmente exterminados. Busca outra redução, a de São João Batista, com ajuda de mapas e indicações, entretanto, os únicos vestígios que encontra são poucos metros da fundação de uma parede, assim como algumas pedras talhadas, cobertas por raízes de árvores e um cemitério.
Na fase final de sua viagem pelo estado, ele chega, novamente, a Porto Alegre, por volta de 1942 e tece comentários acerca do desenvolvimento da cidade:

“Nos dois anos que medeiam entre a minha chegada e partida, modificou-se profundamente o aspecto de Porto Alegre. O quarteirão de arranha-céus, que se esgueiram ao longo da Avenida Borges de Medeiros, deu ao centro da cidade uma nota nova e peculiar. E alteraram, também, a silhueta de todo o aspecto urbano. (ano da grande enchente)”

Harnisch, em seu relatos, apresenta uma característica diferente dos outros viajantes, registra, em fotografias, cenas do cotidiano rio-grandense. Preocupa-se em documentar os tipos humanos, assim como as paisagens. Busca no homem suas virtudes. Enaltece, elogia, mostra com altivez os trabalhadores dos locais que conhece e, também, os ambientes em que vivem.
Esta não foi sua única experiência no Rio Grande do Sul. Estivera no estado em outras ocasiões, quando em viagens para a Argentina, Chile e Peru e suas primeiras impressões, ainda que fugazes, o fizeram retornar e comprovar essas idealizações acerca do homem gaúcho. Ainda afirma que “o Brasil e o Rio Grande do Sul não se devem considerar como um todo e uma parte do mesmo”.
Sua intenção de escrever os relatos de sua viagem foi cumprida com o livro O Rio Grande do Sul – A terra e o Homem, com todas as narrativas acerca de sua viagem, que durou dois anos, pelo estado.  Dentre as cidades que percorreu pode-se citar: Pelotas, Bagé, São Gabriel, Santa Maria, Alegrete, Santana do Livramento, Uruguaiana, São Borja, São Luiz Gonzaga, São Miguel, Santo Ângelo, São João Batista, Cruz Alta, Tupanciretã, Irai, Viamão, Triunfo, Taquari, Estrela, Lajeado, Venâncio Aires, Santa Cruz, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Porto Alegre. Ao final do vídeo ele se questiona: “quando entrei em contato com o rio grande do sul, não mais pude desvencilhar-me. Porque é isto assim? Como é que isto se deu? Como esta terra se desenvolverá?”

HARNISCH, Wolfgang Hoffmann. RELATO DO VIAJANTE
RBS TV. SÉRIE OS VIAJANTES - WOLFGANG HOFFMAN HARNISCH.

HEBREUS

Política, sociedade e economia
Povo que viveu no Oriente Médio, região da atual Palestina, e deu origem aos povos semitas, árabes e israelitas, assim como serve de antepassado aos judeus. Tinham por característica o fato de dividirem-se em grupos nômades, que empreendiam diversas guerras visando às conquistas territoriais, assim como obter escravos e mulheres.
De origem semita, os hebreus chegam a Canaã – Palestina - por volta de 2000 a.C., liderados por Abraão, que anunciava uma nova cultura religiosa, monoteísta. Por serem nômades, sua principal atividade econômica era o pastoreio – cabras e ovelhas – e se organizavam em clãs patriarcais – disto deriva o termo “Período dos Patriarcas” - destaco que neste momento não há centralização política. Ao se fixarem na região da Palestina, passaram a desenvolver a agricultura, graças ao solo mais rico do vale cortado pelo rio Jordão, que garantia solo fértil e favorável à agricultura e começam a se organizarem em tribos, sempre lutando por mais terras contra os povos que já habitavam a região – cananeus e filisteus. Esta região torna-se o elemento de união do povo hebraico, faz com que abandonem o nomadismo e seu estado tribal para viverem sob uma única identidade nacional.
Há também a explicação bíblica, que diz que Abraão, nascido em Ur, recebe do senhor a ordem de abandonar seu povo e se estabelecer em Canaã – terra prometida.
Permanecem em Canaã por aproximadamente três séculos, quando uma terrível seca assola a região e, sob a liderança de Jacó, começam a migrar em direção ao Egito, onde permaneceram por quatrocentos anos. Neste período, o Egito estava sob a dominação dos hicsos, que colaboraram com os hebreus, até perderem o poder na região para os faraós, passando então, os hebreus, a serem perseguidos, capturados e escravizados.
O episódio conhecido como Êxodo, marca a fuga do Egito e o retorno dos hebreus para Canaã. Liderados por Moisés, que juntamente com seu povo, marcham quarenta anos no deserto do Sinai. É lá que Moisés elabora a Lei Judaica – fundamentos do judaísmo - que teve como núcleo as tábuas dos Dez Mandamentos, recebidas de Deus (segundo a Bíblia). Ele falece antes de chegar à Palestina, sendo a jornada concluída por Josué, seu sucessor.
Ao chegarem, encontram suas terras ocupadas e travam novas batalhas a fim de conquistarem novamente seu território. Cabe ressaltar que neste momento a propriedade privada ainda não existia, foi o período de busca por uma base territorial.
Com estes avanços na unidade do povo, dá-se início às chefias religiosas, política, militares e jurídicas, originando uma nova fase, o “Período dos Juízes”, que se caracteriza por ser a transição entre o regime patriarcal – descentralizado - e a monarquia - centralizada. Isso ocorreu pela necessidade do poder e comando ficarem nas mãos de um chefe militar, conhecidos por juízes, uma vez que eram constantes as lutas com povos vizinhos.
Com a concentração do poder, os juízes buscavam a união das doze tribos, o que possibilitaria o domínio da Palestina. Samuel, um deles, propõe a criação da monarquia, com a finalidade de abolir as divergências entre as tribos, promover a unidade política e fortalecer o povo. Isto foi conquistado através da centralização política nas mãos de um monarca, escolhido para governar por Jeová.
O primeiro rei hebreu foi Saul, que após sofrer derrotas em guerras contra os filisteus, passa a sofrer pressões políticas e acaba por cometer suicídio. Seu sucessor, Davi, sobrepuja os adversários e estabelece o domínio sob a Palestina, fundando o Estado Hebreu, com capital em Jerusalém.
Salomão, filho de Davi, assume o poder e inicia a construção de obras públicas, como o Templo de Jerusalém – símbolo da unidade do povo hebreu. Desenvolve o comércio e a diplomacia, fazendo alianças com os fenícios. É o auge da monarquia hebraica.
A organização do Estado se complexifica, surge uma aristocracia enriquecida pelo comércio, ocorre à apropriação de terras de camponeses endividados. É estabelecida uma camada de sacerdotes, com direitos inacessíveis ao povo, que acabam com os aspectos mais livres da religião, criando dependência entre o povo e o poder político. Neste período a sociedade encontra-se estratificada, hierarquizada e com uma enorme desigualdade entre os diferentes níveis. As principais atividades econômicas deste período são a agricultura, pastoreio, o artesanato e o comércio, sendo a maioria dos trabalhadores formada por escravos e servos.
 O governo de Salomão passa a sofrer intensas oposições devido aos trabalhos forçados e ao grande número de impostos exigidos da população, as desigualdades sociais imperam. Com sua morte, uma verdadeira crise sucessória se instala, acabando por dividir novamente o povo hebreu em dois Estados: Israel, ao norte, e Judá, ao sul. Este episódio, que fica conhecido como “Cisma”, expõe militarmente os hebreus, que em poço tempo passam a ser dominados por outras civilizações.
Por volta do século VIII a.C. os assírios conquistam Israel e deportam os hebreus de suas terras. Não se tem notícias, desde então, dessas dez tribos hebraicas que ali viviam. Cerca de duzentos anos depois, Nabucodonosor, imperador da Babilônia, invade Judá, destrói o templo de Jerusalém, saqueia as cidades e escraviza os moradores, deportando-os para a Babilônia. Este período é conhecido como “Cativeiro da Babilônia”, onde é restaurada a religiosidade entre os cativos com as pregações do profeta Ezequiel.
Em meados do século V a.C. os judeus conquistam alguma independência, reconstruindo o Estado Hebraico em Judá, quando Ciro, sob o comando as milícias persas, conquista a Babilônia e permite o retorno do povo escravizado à Palestina. No século III a.C. Alexandre, da Macedônia, domina todo o Oriente Médio.
A expansão do domínio romano começa a agregar os territórios antes ocupados pelos macedônicos, passando então, os judeus, a serem controlados pelos romanos. Um grande movimento de resistência é imposto contras as exigências e leis de Roma. Período em que surge um novo profeta na história judaica, Jesus Cristo. Os conflitos entre hebreus e romanos findam quando, em meados dos anos 70 d.C., os exércitos de Roma, sob o comando do Imperador Tito, destroem a cidade e o Templo de Jerusalém, que ocasiona a “Diáspora” dos judeus por diversas partes mundo.
Os hebreus passam então a viver em pequenas comunidades, preservando sua cultura religiosa. Ao longo do século XIX, com a influência de alguns judeus, tem início o movimento Sionista, que incentivava o retorno à Palestina. Após a Segunda Grande Guerra Mundial o projeto ganha força política, e tem como suporte os horrores sofridos pelos judeus durante o Holocausto Nazista. Este movimento exigia a criação de um Estado de Israel, na Palestina, conquistado, pela ONU, em 1948. Entretanto, os árabes, ocupantes da região, lutam pela criação de um Estado Palestino, que inclua Jerusalém Oriental.
Da concepção do Estado de Israel até os anos de hoje inúmeros atentados terroristas atingiram a região, visando às ações expansionistas de parte árabe e buscando a legitimação do Estado judaico. As questões permanecem em aberto, marcando um dos mais delicados fatos da civilização hebraica.
Do templo de Jerusalém, resta apenas um muro, conhecido como Muro das Lamentações.

Cultura e curiosidades
O legado mais importante do mundo Hebreu é, sem dúvida, a religião e também base de sua cultura, influenciando do direito à literatura e às artes. Foram um dos primeiros praticantes do monoteísmo - crença em um único deus - tendo por característica o salvacionismo – acreditavam na vinda de um Messias para libertar seu povo.
O judaísmo é fundamentado no Antigo Testamento, baseia-se nos Dez Mandamentos, supostamente revelados a Moisés no Monte Sinai. Os hebreus tinham a concepção de ser o “povo eleito”. Seu único deus, Javé ou Jeová, cuja imagem não pode ser representada em pinturas ou estátuas, enviaria um salvador que libertaria o povo.
Tem como festas religiosas a Páscoa, onde comemoram a fuga do Egito, e Pentecostes, o recebimento dos Dez Mandamentos recebidos por Moisés, guardam os sábados, nos quais não praticam uma série de atividades.
O judaísmo serve como base a outras duas religiões existentes ainda nos dias de hoje, que são o cristianismo e o islamismo, formando a tríade de religiões universais.
A literatura surge neste povo muito cedo e com escrita própria que gradativamente foi substituída pelo aramaico, suas obras mais significantes estão no Antigo Testamento da Bíblia, cujos textos se subdividem em históricos – narração de fatos ocorridos -, proféticos – previsões de acontecimentos futuros – e didáticos - com ensinamentos religiosos, sociais e morais - e no Talmude.
Não obtiveram progressos notáveis nas ciências. Na arquitetura pode-se destacar as muralhas, fortificações e os Templos, principalmente o de Jerusalém, dedicado a Jeová e construído por Salomão.
 O Direito Penal dos hebreus era mais humano do que nos demais povos do Oriente Próximo. Os homicídios eram classificados em voluntários, punido com morte e o involuntário, onde o acusado deveria buscar abrigo em cidades que lhe serviriam de asilo. O infanticídio e o adultério eram punidos com morte. Para lesões corporais a pena era indenização, assim como crimes contra a propriedade.
A pena capital (pena de morte) era executada de diversas maneiras, por exemplo, a morte por fogo, decapitação, sendo a mais comum a lapidação, onde o apedrejado era despido e jogado ao chão do alto de um tablado, a primeira testemunha arremessava uma pedra em seu peito, depois a segunda testemunha, caso não houvesse morte, outras pessoas poderiam apedrejar o condenado até seu falecimento. Cumprida a sentença, o cadáver era pendurado em árvores ou queimado. A fogueira fora aplicada a sacerdotes incestuosos e à filha de sacerdote, ré do crime de fornicação.

Considerações Finais
A Bíblia é a principal fonte da história dos hebreus, o que explica o envolvimento de homens e fatos, com o sagrado. Ela reflete a concepção mitológica do povo, “Como mito ela reflete o pensamento de um povo e como documento histórico ela permite acompanhar a evolução dos mitos e a concepção de mundo dos hebreus, fazendo referências a costumes e padrões de comportamento(Portal São Francisco). Podem-se cotejar estas informações com obras de Flávio Josefo e de Filo, que também oferecem informações acerca do período da dispersão dos judeus, também podendo ser confrontadas com vestígios arqueológicos.


BIBLIOGRAFIA
Site: Wikipédia
Site: Projeto Chronos: Antiga e Medieval
Site: Sua pesquisa. 
Site: Só História
Site: Mundo Educação
Site: Portal São Francisco
Site: Júlio Battisti.
Site: Slideshare
Site: Vestibular Seriado.