quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Principais Hominídeos

As idéias sobre a origem do mundo e dos homens vêm mudando com o passar do tempo, graças a uma série de descobertas nos últimos dois séculos. Primeiramente, acreditava-se que Deus havia criado a terra e os seres que nela habitavam. Essa hipótese foi lentamente derrubada com a descoberta de um fóssil humano, ainda que diferente de nós, por volta de 1856. Era o primeiro homem de Neandertal, que surgiu para promover as suposições de Darwin sobre a teoria da evolução.
Através do conhecimento adquirido, sabemos hoje que os Australopitecos são o elo entre homens e símios. Apareceram por volta de quatro milhões de anos atrás na África, com características bem marcantes.
Possuíam o crânio pequeno em relação à face, seu cérebro tinha o volume aproximado de 400 cm³ e mediam cerca de 110 cm de altura. Com faces salientes, mandíbulas fortes e o formato das inserções de músculos e tendões sugerem uma musculatura possante. Os dentes também apresentam características humanas, com caninos de tamanho menor que os dos símios. É importante destacar que os Australopitecos podiam ficar em pé, embora sua postura fosse bem diferente em relação a nossa.
Provavelmente desapareceram há um milhão de anos, seu exemplar mais famoso é Lucy, com 3,2 milhões de anos, encontrada em 1974 por Donald Johanson.
Datado de aproximadamente dois milhões de anos, o Homo hábilis é considerado o primeiro de nossa espécie. Recebe este nome para destacar sua capacidade em usar ferramentas (hábilis = habilidoso), ainda que muito rudimentares. Muitos destes instrumentos são apenas lascas de pedras, as pequenas usadas para raspar e as mais grossas como machado.
Tem como características físicas o aumento da capacidade craniana, o volume de seu cérebro chega em 630 cm³. Capaz de andar em pé, continua com braços longos, que possibilitam maior desenvoltura para subir em árvores.
Depósitos de ossos encontrados juntos às ferramentas nos informam que estes homens eram caçadores e carnívoros. Também revelam um comportamento interessante, o costume de dividir a presa e consumi-la com o grupo, apresentando o primeiro passo para a cooperação.
A transformação seguinte é marcada pela expansão do cérebro de 630 para 1.000 cm³, este homem, batizado de Homo erectus, possui a calota craniana mais elevada, acima das arcadas supraciliares, que continuam pronunciadas. A face já não é mais tão longa, mandíbula baixa e voltada para trás, com a arcada dentária ainda saliente.
Neste período, os utensílios se tornam mais numerosos e aperfeiçoados, como o machado de duas faces, não muito modificado posteriormente. Seu aparecimento é datado de dois a 0,5 milhões de anos.
O Homo sapiens representa a última etapa do processo de aumento cerebral, chegando ao volume de 1.400 cm³, há quinhentos mil anos atrás. Na história da evolução é provável que este crescimento seja o causador do aumento das capacidades intelectuais, como a fabricação de utensílios e o uso da linguagem de forma mais complexa.
Classificados como Homo sapiens arcaico, tem arcadas supraciliares marcantes, ossos espessos e face saliente, ainda lembrando os símios. Foi encontrado na África, Europa e Ásia.
A partir de duzentos mil anos, foi encontrado na Europa um sapiens diferente, chamado de Homo sapiens neanderthalensis, desaparecendo cerca de trinta e cinco mil anos. Sua capacidade craniana é semelhante à do homem moderno, porém com calota craniana mais comprida e baixa em relação à face, testa estreita e arcadas supraciliares proeminentes. Seu rosto é comprido, nariz largo e queixo pouco pronunciado. Há também uma protuberância na extremidade posterior do crânio. Os encaixes da musculatura indicam que era muito forte.
Viviam, provavelmente, em cavernas e adaptaram-se a diferentes climas. Eram caçadores e nômades. Utilizavam ferramentas em estilo musteriano como facas, raspadores, furadores, lanças, entre outras. Trabalhavam pedra e madeira.
Em torno de cem mil anos, surge na África o homem dito como moderno, isto é, Homo sapiens sapiens, que passou a difundir-se pelo mundo, mostrando grande adaptação a diferentes ambientes.
Ele ainda utiliza objetos tipo musterianos que vão sendo substituídos pelos aurignacenses, com uma gama de utensílios ainda maior, com formas mais precisas e funções reconhecíveis. Passam também a trabalhar o marfim, chifres e ossos.
A diversificação lingüística foi simultânea à grande diversificação de objetos e à difusão do homem moderno. Talvez o aparecimento de novas estruturas cerebrais tenha sido a base para a transformação cultural ocorrida na época.
Surge um interesse pela arte, onde podemos destacar pinturas rupestres, com imagens de animais, rochas esculpidas, estatuetas de pedra e objetos pessoais, como colares e outros ornamentos feitos com dentes de animais, conchas, marfim, pedras e ossos cuidadosamente trabalhados.
A lança foi aperfeiçoada e surgem instrumentos de pesca, como o arpão e o anzol. O arco foi uma inovação importante, aparece aproximadamente vinte mil anos atrás e difunde-se rapidamente.
Ele continua a viver em cavernas, embora também tenha construído cabanas e tendas. Produziu vestimentas em peles e até inventou a agulha para costurá-las.
Infelizmente muitas evidências fósseis já foram perdidas, ora por saques, ora para serem usadas para outros fins. Muitas vezes os achados se dão por acaso, já que não temos um sistema que nos indique onde procurar diretamente. Essas descobertas são normalmente divulgadas, atraindo muita atenção e posteriormente publicadas.
Este assunto gera uma série de discussões a respeito da origem do homem, teorias evolutivas, melhores métodos para datar achados, e, principalmente, se estas espécies de hominídeos conviveram juntas em determinados períodos, se houve uma evolução natural entre as espécies ou eram gêneros diferentes que se extinguiram em determinado período.
O assunto é fascinante e somente estudando mais a fundo é que percebemos que ainda temos muito a descobrir sobre nossos antepassados e sobre a preservação da nossa memória.



BIBLIOGRAFIA:
CAVALLI-SFORZA, Luca e CAVALLI-SFORZA, Francisco. Quem Somos? História da Diversidade Humana. São Paulo: UNESP, 2002, p.55 a 113.

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